John MacArthur
A igreja pode enfrentar a apatia e o materialismo satisfazendo o
apetite das pessoas por entretenimento? Evidentemente, muitas pessoas das
igrejas pensam assim, enquanto uma igreja após outra salta para o vagão dos
cultos de entretenimento.
Uma tendência inquietante está levando
muitas igrejas ortodoxas a se afastarem das prioridades bíblicas.
O que
eles querem
Os templos das igrejas estão sendo
construídos no estilo de teatros. Ao invés de no púlpito, a ênfase se concentra
no palco. Alguns templos possuem grandes plataformas, que giram ou sobem e
descem, com luzes coloridas e poderosas mesas de som.
Os pastores espirituais estão dando lugar
aos especialistas em comunicação, aos consultores de programação, aos diretores
de palco, aos peritos em efeitos especiais e aos coreógrafos.
O objetivo é
dar ao auditório aquilo que eles desejam. Moldar o culto da igreja aos desejos
dos frequentadores atrai muitas pessoas.
Como
resultado, os pastores se tornam mais parecidos com políticos do que com
verdadeiros pastores, mais preocupados em atrair as pessoas do que em guiar e
edificar o rebanho que Deus lhes confiou.
A
congregação recebe um entretenimento profissional, em que a dramatização, os
ritmos populares e, talvez, um sermão de sugestões sutis e de aceitação imediata
constituem o culto de adoração. Mas a ênfase concentra-se no entretenimento e
não na adoração.
A ideia
fundamental
O que
fundamenta esta tendência é a ideia de que a igreja tem de “vender” o
evangelho aos incrédulos — a igreja compete por consumidores, no mesmo nível
dos grandes produtos.
Mais e mais
igrejas estão dependendo de técnicas de vendas para se oferecerem ao mundo.
Essa
filosofia resulta de péssima teologia. Presume que, se você colocar o evangelho
na embalagem correta, as pessoas serão salvas. Essa maneira de lidar com o
evangelho fundamenta-se na teologia
estranha. Vê a conversão como nada mais do que um ato da vontade humana. Seu
objetivo é uma decisão instantânea, ao invés de uma mudança radical do coração.
Além disso, toda esta corrupção do
evangelho, nos moldes da Avenida Madison, presume que os cultos da igreja têm o
objetivo primário de recrutar os incrédulos. Algumas igrejas abandonaram a
adoração no sentido bíblico.
Outras
relegaram a pregação convencional aos cultos de grupos pequenos em uma noite da
semana. Mas isso se afasta do principal ensino de Hebreus 10.24-25: “Consideremo-nos
também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não
deixemos de congregar-nos”.
O
verdadeiro padrão
Atos 2.42 nos mostra o padrão que a igreja primitiva seguia,
quando os crentes se reuniam: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações”.
Devemos observar que as prioridades da
igreja eram adorar a Deus e edificar os irmãos. A igreja se reunia para
adoração e edificação — e se espalhava para evangelizar o mundo.
Nosso Senhor comissionou seus discípulos a
evangelizar, utilizando as seguintes palavras: “Ide, portanto, fazei
discípulos de todas as nações” (Mateus 28.19). Ele deixou claro que sua
igreja não tem de ficar esperando (ou convidando) o mundo para vir às suas
reuniões, e sim que ela tem de ir ao mundo.
Essa é uma responsabilidade de todo crente.
Receio que uma abordagem cuja ênfase se concentra em uma apresentação agradável
do evangelho, no templo da igreja, absolve muitos crentes de sua obrigação
pessoal de ser luz no mundo (Mateus 5.16).
Estilo de
vida
A sociedade está repleta de pessoas que
querem o que querem quando o querem. Elas vivem em seu próprio estilo de vida,
recreação e entretenimento. Quando as igrejas apelam a esses desejos egoístas,
elas simplesmente põem lenha nesse fogo e ocultam a verdadeira piedade.
Algumas dessas igrejas estão crescendo em
expoentes elevados, enquanto outras que não utilizam o entretenimento estão
lutando. Muitos líderes de igrejas desejam crescimento numérico em suas
igrejas, por isso, estão abraçando a filosofia de “entretenimento em
primeiro lugar”.
Considere o que esta filosofia causa à
própria mensagem do evangelho. Alguns afirmam que, se os princípios bíblicos
são apresentados, não devemos nos preocupar com os meios pelos quais eles são
apresentados. Isto é ilógico.
Por que não realizarmos um verdadeiro show
de entretenimento? Um atirador de facas tatuado fazendo malabarismo com serras
de aço se apresentaria, enquanto alguém gritaria versículos bíblicos. Isso
atrairia uma multidão, você não acha?
É um cenário bizarro, mas é um cenário que
ilustra como os meios podem baratear e corromper a mensagem.
Tornando
vulgar
Infelizmente, este cenário não é muito
diferente do que algumas igrejas estão fazendo. Roqueiros punk, ventríloquos,
palhaços e artistas famosos têm ocupado o lugar do pregador — e estão
degradando o evangelho.
Creio que podemos ser inovadores e
criativos na maneira como apresentamos o evangelho, mas temos de ser cuidadosos
em harmonizar nossos métodos com a profunda verdade espiritual que procuramos
transmitir. É muito fácil vulgarizarmos a mensagem sagrada.
Não se apresse em abraçar as tendências das
super igrejas de alta tecnologia. E não zombe da adoração e da pregação
convencionais. Não precisamos de abordagens astuciosas para que tenhamos
pessoas salvas (I Coríntios 1.21).
Precisamos tão somente retornar à pregação
da verdade e plantar a semente. Se formos fiéis nisso, o solo que Deus preparou
frutificará.
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