A maior crise que a humanidade
enfrentará no século XXI não é o aquecimento global, ou a diminuição de
recursos, ou conflitos regionais ou um super-vírus devastando o planeta ou
nenhum outro desastre — real ou imaginário — que provoca agonia em governos nacionais
e agências internacionais. Se as tendências atuais continuarem,
não teremos esgotamento de energia ou outros recursos no futuro próximo. O que
haverá é escassez de pessoas. Essa catástrofe mundial será a consequência de
fertilidade em declínio rápido, chamado de Inverno Demográfico.
O índice de fertilidade se refere ao
número de filhos que em média a mulher tem durante sua vida inteira. Um índice
de 2,1 é necessário para apenas substituir a atual população.
Em 1960, no mundo inteiro a mulher
tinha em média 5 filhos. Agora, esse número é 2,6 e caindo. Hoje, 59 países com 44%
da população mundial têm fertilidade abaixo do nível de substituição — em
alguns casos, bem abaixo desse nível.
Muitas nações desenvolvidas têm índices
de fertilidade de 1,5 ou menos.
Como foi que chegamos a esse ponto? O
culpado principal é a Revolução Sexual — um fenômeno que se manifestou pela
primeira vez no final da década de 1960, não coincidentemente, na época em que
os índices de natalidade começaram a declinar.
Dava para se resumir o dogma da
Revolução Sexual — que se enraizou no pensamento social das nações ocidentais —
como segue: 1. O sexo é o aspecto mais importante da existência. 2. Quando o
sexo é consensual, é sempre bom. 3. O principal propósito do sexo é o prazer,
não a procriação ou a conexão espiritual. 4. O principal propósito da vida é o
prazer. 5. Inibições levam a neuroses e precisam ser vencidas. 6. O sexo não
tem nada a ver com a moralidade ou valores, e 7. O sexo não deveria ser apenas
livre de culpa, mas também livre de consequências — daí a contracepção, daí o
aborto e daí o abandono do casamento.
Minha esposa e eu estávamos em Montreal
alguns anos atrás. Numa vitrine de loja, vimos uma camiseta que dizia: “Faça Amor,
Não Bebês.” Isso dava para ser o lema da Revolução Sexual — exceto que nem
mesmo é amor mais, mas apenas o que chamam de “fazer sexo.”
Os profetas da Revolução Sexual incluem
“pesquisadores” (eu uso esse termo com cautela) como Alfred Kinsey e Masters e
Johnson, pornógrafos como Hugh Hefner, fundador da revista Playboy, e
feministas como Margaret Sanger, Betty Friedan e Simone de Beauvoir.
O efeito da Revolução Sexual sobre a
fertilidade tem sido profundo, de amplas consequências e possivelmente irreversível.
Pela primeira vez na história, metade
da população mundial em idade reprodutiva usa alguma forma de controle da
natalidade. Em 2015, o mercado mundial de contraceptivos gerará um lucro anual
estimado de 17,2 bilhões de dólares. Geralmente, isso é financiado por
governos, empresas ou agências internacionais.
Muitas espécies se extinguiram. A nossa
poderá ser a primeira a financiar a sua própria extinção.
No mundo todo, há aproximadamente 42
milhões de abortos a cada ano. Isso representa mais que o dobro do número de
mortes militares na 2ª Guerra Mundial — o conflito mais sangrento da história
humana — exceto que, em vez dos soldados de um país mortos em batalha, essas
são as vítimas que uma nação provoca em si mesma.
De uma perspectiva demográfica, não
estamos apenas perdendo 42 milhões de pessoas anualmente, mas também seus
filhos, netos e outros descendentes
através das eras. Estamos de modo muito literal abortando nosso futuro. O declínio do casamento tem afetado a
fertilidade muito mais profundamente do que os contraceptivos.
Nos Estados Unidos, em 2009, 41% de
todos os nascimentos foram fora do matrimônio. À medida em que essas crianças
se tornam adultas (em grande parte em lares de mães solteiras), a probabilidade
é que continuarão a tradição familiar de não formar famílias.
A procriação não prospera num clima de
incerteza. Em 2008, nos EUA, 40% de todos os casamentos terminaram em divórcio. E menos e menos pessoas estão se
casando em primeiro lugar. Na França, em 2010, mais pessoas começaram a viver
juntas do que se casarem.
Em 1960, 72% de todos os adultos
estavam casados. Em 2008, essa estatística havia caído para 51%. Entre jovens de 18 a 29 — os que estão no apogeu dos
anos reprodutivos — 59% estavam casados em 1960, em comparação com apenas 20% hoje.
Outrora uma realidade central da
existência, o casamento agora é opcional. Nós nos casamos porque escolhemos,
não porque precisamos. O que não é de surpreender é que menos casamentos
resultam em menos crianças.
Assim como a diminuição dos índices de natalidade
é consequência da Revolução Sexual, essa revolução foi produto de algo chamado
Marxismo Cultural — um movimento associado com Antonio Gramsci (autor da frase
“longa marcha pela cultura”), Georg Lukacs, a Escola de Frankfurt e Herbert
Marcuse. O Marxismo Cultural era a resposta deles ao fracasso da revolução
mundial depois da 1ª Guerra Mundial. Gramsci desenvolveu uma teoria de que a
família e a igreja davam aos trabalhadores uma “falsa consciência de classes”
que os tornava imunes aos apelos do marxismo.
A solução, então, era destruir a
família e o Cristianismo — e que melhor modo de fazer isso do que fomentar a
devassidão (“amor livre” na linguagem da época), e uma sociedade orientada para
o prazer irrefletido, em vez de procriação, formação da família e a busca de um
sentido mais elevado.
Embora não haja prova de que a redução
dramática da fertilidade era o que os marxistas culturais queriam, se você
pensar nisso de modo lógico, essa é a consequência natural quando se mina a fé
e a família e de uma sociedade muito erotizada onde a família é vista como um
obstáculo para a auto-realização e filhos um peso.
Não encontraremos nossa saída da
floresta do inverno demográfico até derrubarmos a Revolução Sexual — rejeitando
suas premissas, desmascarando seus profetas e expondo seus dogmas. No final de tudo, a Revolução Sexual é
sobre morte — aborto, contracepção (impedir a vida de ocorrer), doenças
sexualmente transmissíveis, pornografia e promiscuidade, em lugar de casamento,
fidelidade e procriação.
Para combater o Inverno Demográfico,
precisamos adotar uma filosofia de vida. Como a Bíblia diz: “Apresentei
claramente diante de ti os caminhos da vida e da morte; a bênção e a maldição.
Escolhe, pois, o caminho da vida, para que viva plenamente, tu e tua descendência.”(Dt. 30.19) (KJA)