sexta-feira, 31 de maio de 2013

Minha vida foi muito boa.

Texto de autoria do Pastor Israel Belo de Azevedo
O jogador Oscar, o maior de todos os tempos do basquetebol brasileiro, diante do retorno do câncer no cérebro, tomou a decisão de continuar trabalhando, entre as sessões de quimioterapia e radioterapia, de remédios e enjoos.
A família relutou em tornar pública a sua doença, para que ele não fosse tratado como um morto-vivo.
Ele fez um comentário que reflete o seu estilo:
-- Estou fazendo o tratamento e espero que resolva. Se não resolver, paciência, minha vida foi muito boa.
A família não agiu de todo errada. Quem sobrevive a um câncer é visto como um ser nascido de novo. Falo de mim agora: durante algum tempo depois da minha cirurgia radical, para extração de um câncer, as pessoas me encontravam na rua -- sem disfarçar -- me olhavam de alto a baixo, admiradas de eu estar vivo.
Ao mesmo tempo, é valioso que o assunto seja comentado, sem rodeios, para que as pessoas sejam bem informadas. Tratar deste assunto faz muita gente torcer o nariz. (De uma vez que comentei aqui o tema, uma pessoa me pediu que cancelasse os envios desta reflexão, porque na casa dela o câncer não entra.) A informação pode salvar vidas.
A avaliação de Oscar sobre a sua trajetória ("minha vida foi muito boa") nos convida a refletir sobre a nossa.
Tem sido boa a nossa vida? Se não tem sido, o que podemos fazer para que seja? Ainda há tempo.
Temos avaliado bem a nossa vida, realisticamente, ou temos nos concentrado, pessimisticamente, na dificuldade, como se ela predominasse?
Um calo no pé é um calo no pé, não o pé e nem o corpo todo, assim como um ponto sujo numa página não é toda a página. Uma vírgula fora de lugar não torna analfabeto o seu autor.
Se a nossa vida tem sido boa, pode ser melhor e será melhor se nos esforçarmos para tornar melhores as vidas dos outros também. 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá


Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Um dia desses, saídos da igreja, Meacir e eu paramos numa padaria que fora reformada. Nova frente, vitrinas amplas, ar condicionado, bom espaço, prateleiras circulares ao redor das pilastras e outras horizontais. Muito material: suco, refresco, panetone, lanchonete, congelados. Que legal! Um bom lugar para comprarmos um pãozinho quente na ida para casa. Só que, tendo muita coisa, a padaria não tinha pão. Padaria sem pão.
Um amigo meu, no tempo em que não havia etanol, apenas gasolina e diesel, parou num posto de gasolina, entregou a chave do possante Fusca ao frentista e pediu “Completa!”. O frentista indagou: “O senhor quer gasolina?”. O amigo, que não tinha muito humor, retrucou: “Não, quero banana. Vim comprar banana!”.
Não fui grosseiro assim. Até porque eu não queria gasolina. Mas também não queria energético, revistas de palavras cruzadas, chaveiro de time de futebol ou lâmina de barbear. Queria pão. Como não havia, fui-me embora.
Há igrejas como esta padaria. A pessoa não ouve falar de Jesus, embora a igreja seja dele. Ela louva o louvor, reivindica, declara, aperta o braço do irmão e diz que ele nasceu para ser vencedor (ao comando do dirigente), mas não ouve falar de Jesus, da cruz, da salvação eterna ganha no Calvário. Padaria sem o Pão da Vida.
Padaria sem pão é culto sem Jesus e sem a cruz. É o culto em que a Bíblia não é proclamada em sua inteireza, mas apenas partes isoladas que não mostram seu ensino, e sim o que as pessoas desejam. Padaria sem pão é o culto sem proclamação da soberania de Deus, da sua graça que perdoa nossos pecados quando nos arrependemos, mas apenas apresenta palavras de animação. Padaria sem pão tem o rosto de Lair Ribeiro, não o de Jesus. Os ouvintes não são pecadores que precisam ser confrontados com sua situação real e com a graça de Deus que os aceita, perdoa e restaura. Numa cópia do mundo, eles são vítimas de um mundo mau e de um Maligno que lhes tira as coisas e eles devem vir pedir restituição na igreja. Padaria sem pão é a igreja que vê culpados como coitadinhos. E ao invés de chamá-los ao arrependimento e a depositarem a vida e a fé em Jesus, ministra-lhes terapia de segunda categoria: como se sentir bem em seus pecados, ao invés de deixá-los.
Padaria sem pão tem muita coisa. Mas não tem o essencial. Igreja sem o essencial é assim. Tem o jantarzinho, a pelada sabatina, o joguinho de vôlei, o cineminha evangélico, o carteado entre irmãos, mas não tem a adoração ao Deus Santo, com o temor de Isaías (Is 6.5) e com o sentimento de indignidade de Pedro (“Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador” – Lc 5.8). Padaria sem pão tem festa, mas não quebrantamento. Tem alarido, mas não convicção de pecado.
Deus amado, não nos deixe ser padaria sem pão! Que queiramos o Pão da Vida, e não os badulaques da padaria

quarta-feira, 22 de maio de 2013

ENTRE O FUNDAMENTALISMO E O RELATIVISMO


Artigo do Pastor Israel Belo de Azevedo

Há muitos anos um autor escreveu um romance para perguntar: "em seus passos o que faria Jesus?"

Nesses anos muitos cristãos têm-se inspirado com o livro-pergunta. Eu sou um deles.

Depois, outros cristãos começaram a questionar a pergunta, por não podermos saber o que Jesus faria nesta ou naquela situação. Fazer a pergunta implicaria numa resposta nossa, não na de Jesus. Também concordei.

Então, muitos cristãos deixaram de fundar a ética da sua vida nas decisões de Jesus.

Por isto, talvez hoje possamos corrigir a pergunta do autor novecentista, para ficar assim: "o que Jesus fez"?

Lendo os evangelhos sabemos as respostas.

Diante de uma situação que nos exija decidir, precisamos perguntar o que Jesus fez. As situações podem diferir nos detalhes, mas não na essência.
Então, podemos tomar a decisão para enriquecer a nossa humanidade, indagando: "O que devo fazer à luz do que Jesus fez?"
Perguntando honestamente assim, ficamos menos presos ao fundamentalismo e menos seduzidos pelo relativismo.

sábado, 18 de maio de 2013

O PODER DA PICUINHA.


Texto de autoria do Pastor Israel Belo 
Todos nós queremos ser relevantes: queremos fazer algo que torne melhores as nossas vidas e as dos outros, a partir do que nós cremos.
O sentido da relevância, que nos dá sentido para viver, está na contramão do egoísmo, logo, é algo de natureza altruísta.
Ao propor algo, para vidas melhores, enfrentamos oposições, que são SEMPRE salutares. A oposição faz com que repensemos nossa proposta e até mesmo nos leva a desistir dela, ao nos mostrar a sua inconsistência. O altruísmo nos leva a renunciar (sempre um tapa no egoísmo) e, logo depois, buscar outros caminhos. Bem-vindas as oposições, que nos ajudam a seguir em frente.
O que realmente estiola a alma é a picuinha.
A palavra parece vir do bico da ave. A provável etimologia já diz tudo. Uma bicada dói.
Você tem uma ideia, digamos, uma grande ideia. Apresenta-a. O único a fazer um comentário se refere a uma vírgula fora de lugar.
Você dirige um espetáculo, bonito, aplaudido, mas alguém vem reclamar que a sua gravata não combinava com o paletó.
Você se esforça para fazer uma palestra, com horas a fio de estudo, mas as perguntas, ao final, nada têm a ver com o tema abordado.
Com a multiplicação das picuinhas (uma só você mata no peito...), você começa a se perguntar: Para que buscar a solução para um problema? Para que preparar uma palestra ou escrever um livro? Para que ensaiar tanto para cantar ou tocar ou reger?
Com o tempo, as perguntas se tornam respostas do tipo "não vale a pena" ou "nada vale a pena" ou "custa menos deixar como está".
Quando isto acontece, o egoísmo vence o altruísmo.
E a alma se apequena.
Não podemos evitar as picuinhas, mas devemos resistir ao poder delas sobre nós, se queremos ser relevantes

quinta-feira, 2 de maio de 2013

FAMÍLIA - MEU MAIOR PATRIMÔNIO

                O mundo está com suas estruturas abaladas. As pessoas parecem  entorpecidas pelos últimos  acontecimentos. Ninguém faz absolutamente qualquer coisa para que haja a solução , não a desejada, mas, aquela que transforma vidas. Abraham Lincoln certa vez disse: "Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em convardes". O nosso tempo, tido como pós-moderno, oferece muitas opções a todos quantos quiserem mudar seus conceitos, tanto para melhor como para pior: melhorar é preciso e, para que assim aconteça, faz-se necessário uma mudança radical de propósitos, a começar na família.
 
                  A dinâmica da vida familiar cristã deve ser conforme os ensinamentos de Jesus Cristo, que expressamente deixou através dos evangelhos tudo aquilo que diz respeito à vida. É nossa responsabilidade procurar aplicá-los ao nosso viver, mais especificamente baseados no Sermão da Montanha (Mateus 5-7). Todos os seres humanos desejam ser abençoados e, é muito bom viver nesta expectativa; porém , o mais importante é quando nos deixamos ser usados como canais de bênçãos para outras pessoas.
 
                   Temos tido cada vez menos tempo disponível para a nossa família. Em muitas ocasiões somos egoístas e fechados em nós mesmos, deixamos de compartilhar momentos agradáveis com os nossos queridos (mulher, marido, filhos, pais...). As nossas tarefas diárias não teriam lugar de destaque, se agíssemos de forma a agradar ao Senhor da vida.
 
                    A maior missão dos pais, depois de glorificar a Deus, é cuidar com zelo e presteza da família. Não apenas no sentido material, mas, principalmente nas áreas que se referem aos relacionamentos. Somos falhos quando não observamos as necessidades, por mais simples que sejam, de nossos filhos e da família como um todo.

                    Ao pai (marido) compete a provisão, o ensino (Dt.6.4-9), o sacerdócio, além de todos os ingredientes compatíveis com a vontade de Deus. À mãe (esposa) é estabelecido ser administradora do lar, convergindo sobre ela um "peso" muito grande na educação dos filhos, no amor dispensado à toda a família. Aos filhos compete obedecerem aos seus pais, como ao Senhor. Quando houver o discernimento para todos os preceitos bíblicos, em relação à família, poderemos dizer: "a família é o nosso maior patrimônio".
                   O exemplo de famílias saudáveis, unidas ao Senhor e entre todos os seus membros, deve mostrar às pessoas à sua volta o verdadeiro sentido do amor de Deus. O Senhor quer uma família pura, sem maledicências, sem intrigas, sem invejas e sem tudo o que diz respeito ao mal. Por ser de fundamental importância para Deus, a família precisa ser o nosso maior patrimônio. Esta verdade só acontecerá quando a priorizarmos em toda e qualquer área,  com discernimento espiritual e sensibilidade prática.